quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Escadaria: Ponto dos namorados, família e dos drogados



Na escadaria é um vai vêm de pessoas, crianças, velhos, jovens, namorados, família, cachorro, gato, pescadores e todo tipo de pessoa que possa imaginar. É de fato um lugar atraente, é quase parada obrigatória para quem na correria, para, puxa o celular do bolso, e faz o registro do pôr do sol do dia. Um local de encontros, o mesmo espaço o qual observo sendo dividido por aqueles que apenas estão para admirar e pensar em suas vidas corridas, mas também, é o ponto de consumo de entorpecentes. Fico pensando, o quão é contraditório ver aquelas crianças sentadas, brincando, e tão mais adiante aqueles rapazes que descem rapidamente, cheiram sabe lá o que e retornam normalmente. Normal, tá ai uma palavra costumeira, que se aplica a essas cenas da ilha. Os horários de consumo são constantes, manhã, tarde ou a noite, o horário é só detalhe, o consumo me parece ter aumentado. Numa dessas tardes bonitas como sempre faz na cidade, vi uma cena peculiar, uma menina tão nova empurrando um bebê no carrinho, esperando ansiosamente alguém. Eis que com o passar de alguns minutos surge subindo as escadarias, um menino, camisas largas, bermudas e sandália, aparentava ter uns 12 anos. Seus olhos estavam tão vermelhos, e suas ações tão agitadas, só conseguia ouvir uns palavrões proferidas da boca daquela menina tão magrinha, um “você já está no teu vício…!”, e seguiram discutindo até sumir da vista. Depois dessa cena, em meio aquelas crianças, som de música de igreja, fiquei refletindo, em que mundo estamos criando para os nossos filhos, o que de fato queremos para nós, seguir-se cego a estas cenas, fotografando, namorando ou conversando com amigos ignorando o que se passa. Assim como aquela escadaria, entre altos e baixos, vamos levando essa vida corrida, ignorando esses fatos.

Jousefe de Oliveira