Na escadaria é um vai vêm de pessoas, crianças, velhos, jovens,
namorados, família, cachorro, gato, pescadores e todo tipo de pessoa
que possa imaginar. É de fato um lugar atraente, é quase parada
obrigatória para quem na correria, para, puxa o celular do bolso, e
faz o registro do pôr do sol do dia. Um local de encontros, o mesmo
espaço o qual observo sendo dividido por aqueles que apenas estão
para admirar e pensar em suas vidas corridas, mas também, é o ponto
de consumo de entorpecentes. Fico pensando, o quão é contraditório
ver aquelas crianças sentadas, brincando, e tão mais adiante
aqueles rapazes que descem rapidamente, cheiram sabe lá o que e
retornam normalmente. Normal, tá ai uma palavra costumeira, que se
aplica a essas cenas da ilha. Os horários de consumo são
constantes, manhã, tarde ou a noite, o horário é só detalhe, o
consumo me parece ter aumentado. Numa dessas tardes bonitas como
sempre faz na cidade, vi uma cena peculiar, uma menina tão nova
empurrando um bebê no carrinho, esperando ansiosamente alguém. Eis
que com o passar de alguns minutos surge subindo as escadarias, um
menino, camisas largas, bermudas e sandália, aparentava ter uns 12
anos. Seus olhos estavam tão vermelhos, e suas ações tão
agitadas, só conseguia ouvir uns palavrões proferidas da boca
daquela menina tão magrinha, um “você já está no teu vício…!”,
e seguiram discutindo até sumir da vista. Depois dessa cena, em meio
aquelas crianças, som de música de igreja, fiquei refletindo, em
que mundo estamos criando para os nossos filhos, o que de fato
queremos para nós, seguir-se cego a estas cenas, fotografando,
namorando ou conversando com amigos ignorando o que se passa. Assim
como aquela escadaria, entre altos e baixos, vamos levando essa vida
corrida, ignorando esses fatos.
Jousefe
de Oliveira