quinta-feira, 13 de abril de 2017

EDITAL

CONCURSO DE FOTOGRAFIA ESPAÇO MASIL
POR UMA POÉTICA DAS ÁGUAS

1. Objeto
O concurso fotográfico “Por uma Poética das Águas” tem como intenção estimular o ato estético/fotográfico entre os discentes do curso de jornalismo e demais interessados na experimentação fotográfica dentro e fora do ambiente acadêmico. Abre-se, uma clareira para fotógrafos amadores e profissionais em expressar visualmente aspectos poéticos da estação chuvosa própria ao ambiente amazônico. É o primeiro esforço de vitalizar o funcionamento efetivo do espaço MASIL - Mídias Interativas Sociais e Livres e organizado pelo Professor Gerson André Albuquerque e técnico e artista Jousefe Oliveira.
O título do concurso segue a via epistemológica/interpretativa de Gaston Bachelard por ativar uma leitura subjetiva sobre as coisas, e os objetos. Além aspecto dos s físicos ligados ao movimento. Essa é a via de acesso, o sentido da intenção fotográfica proposta que detém-se em particularidades humanas e da natureza, nos detalhes, minúsculos da estação chuvosa. De sua beleza instantânea que pela dimensão reduzida ou nossa incapacidade em vê-las passam despercebidas.
Pode ser de uma casa de velhas paredes “chuviscadas” pela água que escorre do céu para um olhar ativo, uma “mirada”, fruto da articulação entre o olhar investido sobre a imagem e a imagem em uma trama complexa. A ativação dessa “mirada” emana do entendimento das imagens e da relação delas com as dimensões subjetivas e objetivas no espaço, no tempo e no pensamento, que provêm dessas articulações, de modo a entender as consequências epistemológicas geradas pela imagem complexa. A “mirada” se desenvolve no pensamento imagético, ou seja, na capacidade de não só pensar sobre as imagens, mas também pensar com as imagens.

2. Das condições

2.1 estão aptas a participar do concurso pessoas físicas, incluindo artistas e fotógrafos, e estrangeiros radicados no Brasil há, no mínimo, 1 ano.

2.2 É vedada a inscrição de: (I) fotógrafos cuja fotografia esteja fora do contexto proposto pelo concurso; (II) fotografia que tenha sido premiado em outros concursos fotográficos.

3. Das inscrições

3.1 As inscrições estarão abertas no período de 14 de abril a 15 de maio de 2017.

3.2 Será permitia apenas uma fotografia por candidato.

3.3 A fotografia inscrita deverá ser enviada para o e-mail poeticadasaguas@gmail.com até o dia 15 de maio de 2017.

3.4 No corpo do e-mail deve conter as seguintes informações:
Nome completo do autor;
Nome da fotografia;
Uma breve descrição da fotografia, até 5 linhas;
Número para contato.
Uma Fotografia com tamanho mínimo aceitável 1200 x 800 pixeis 72dpi, e máximo 6000 x 4000 pixeis 300 dpi.

3.5 Serão desconsideradas as inscrições realizadas fora do prazo, aquelas cujas informações de inscrição estiver incompleto e a imagem estiver fora dos padrões estabelecidos; enviadas de forma incorreta da estabelecida nos itens 3.2 , 3.3 e 3.4 ou as que contrariem qualquer dos itens deste edital.

4. Da seleção

4.1 A avaliação e seleção das fotografias serão feita por uma comissão formada por discentes do curso de Comunicação Social Jornalismo e do Curso de Artes Visuais com amplo conhecimento da linguagem fotográfica.

4.2 A escolha das fotografias por uma poética das águas obedecerá um rigor de seleção assim exposto no objetivo do concurso descrito no item 1.

4.3 O resultado será divulgado no dia 18 de maio de 2017 no blog um olharsobreparintins.blogspot.com.br e nas mídias locais.

5. Da premiação

5.1 As fotografias premiadas pela comissão do concurso receberão os seguintes valores;
1º lugar- R$150,00
2º lugar R$ 100,00

5.2 O valor do prêmio será entregue ao candidato no dia 19 de maio de 2017 no espaço MASIL, laboratório de vídeo difusão do curso de Comunicação Social Jornalismo, situado na Universidade Federal do Amazonas, Campus Parintins.

5.3 No ato da entrega da premiação o candidato receberá certificação por participação do concurso e terá sua fotografia divulgada na Revista Científica Mutações do Curso de Comunicação Social Jornalismo.

5.4 As demais fotografias enviadas ao concurso serão divulgadas no Ensaio Por uma poética das águas no blog Rosticidade do Curso de Comunicação Social Jornalismo. 
 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Escadaria: Ponto dos namorados, família e dos drogados



Na escadaria é um vai vêm de pessoas, crianças, velhos, jovens, namorados, família, cachorro, gato, pescadores e todo tipo de pessoa que possa imaginar. É de fato um lugar atraente, é quase parada obrigatória para quem na correria, para, puxa o celular do bolso, e faz o registro do pôr do sol do dia. Um local de encontros, o mesmo espaço o qual observo sendo dividido por aqueles que apenas estão para admirar e pensar em suas vidas corridas, mas também, é o ponto de consumo de entorpecentes. Fico pensando, o quão é contraditório ver aquelas crianças sentadas, brincando, e tão mais adiante aqueles rapazes que descem rapidamente, cheiram sabe lá o que e retornam normalmente. Normal, tá ai uma palavra costumeira, que se aplica a essas cenas da ilha. Os horários de consumo são constantes, manhã, tarde ou a noite, o horário é só detalhe, o consumo me parece ter aumentado. Numa dessas tardes bonitas como sempre faz na cidade, vi uma cena peculiar, uma menina tão nova empurrando um bebê no carrinho, esperando ansiosamente alguém. Eis que com o passar de alguns minutos surge subindo as escadarias, um menino, camisas largas, bermudas e sandália, aparentava ter uns 12 anos. Seus olhos estavam tão vermelhos, e suas ações tão agitadas, só conseguia ouvir uns palavrões proferidas da boca daquela menina tão magrinha, um “você já está no teu vício…!”, e seguiram discutindo até sumir da vista. Depois dessa cena, em meio aquelas crianças, som de música de igreja, fiquei refletindo, em que mundo estamos criando para os nossos filhos, o que de fato queremos para nós, seguir-se cego a estas cenas, fotografando, namorando ou conversando com amigos ignorando o que se passa. Assim como aquela escadaria, entre altos e baixos, vamos levando essa vida corrida, ignorando esses fatos.

Jousefe de Oliveira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O Porto dos Franceses


Este ensaio é uma viagem pelas escadarias, pelas embarcações, dos rabetas, dos interioranos, das canoas, garças, enfim, desde local cuja curiosidade me desperta tanto tempo. A francesa
me atrai o olhar, transformando em uma necessidade incontrolável de registrar. Esse artista que agora escreve nesse post mostrará em fotografias em preto em branco a beleza exótica dessa terra, dessa gente, em especial a este Porto dos Franceses!

Jousefe Oliveira





















terça-feira, 4 de outubro de 2016

Vida de Cão

Fotografias: Felipe Brunner
Texto: Jousefe de Oliveira


Vida de Cão

Quem me deras
Ter a voz do homens
E exclamar
A dor que sinto
A solidão
Vida de cão
Sofrer calado
É o que faço
A fome
A dor dos maus tratos
O abandono
A velhice
As doenças
A melancolia
Do dia a dia
O frio das madrugadas
As noites amarguradas
Pois mesmo assim ainda vivo
E se encontrares comigo
Eu falo com aquele olhar
De quem só sabe amar
Irá de fato me ajudar
Em meios as ruas estou
Em becos e rios
Calado estou
Mas te digo homens
Se tens almas de verdade
Nos proteja então de suas maldades
Pois vivemos na mesma cidade
Pois o mesmo direito que tens
Eu tenho, mas não compreendo
Que muitos dos homens
Nos tratam como sem nomes
E nessa vida de cão
Só peço de vocês, coração!

Jousefe de Oliveira




fotografias do ensaio Vida de Cão do fotógrafo Felipe Brunner




















quarta-feira, 28 de setembro de 2016

SuBI-mundo

SuBI-mundo
Texto: Jousefe de Oliveira
Fotografias: Ramon Correia

Em conversas com o acadêmico Ramon Correia do curso de jornalismo, ele me mostrou umas fotografias da cidade de Parintins. Esta ilha tão caracterizada com muitos signos e elementos presentes em ruas, becos, vielas e praças, sempre me chamou a atenção, o qual é o objetivo desde blog, de dar maior visibilidade ao município em seus aspectos culturais, sociais e dessas paisagens urbanas tão viva o qual sempre me impressiona. As fotografias do Ramon percorre sobre a praça digital, um tema bastante comum para nós, cujos problemas são conhecidos pela maioria da população. O fato é que dentre as imagens entre urubus, lixo, pichações e todo esse cenário de abandono, uma imagem me instigou e me trouxe pensamentos filosóficos e poéticos é a fotografia de um homem deitado abaixo da praça digital, com aquelas descrições na parede, lembrou uma caverna, e nos apresenta como um indivíduo num submundo, levado ao esquecimento, ao abandono. Sobre esse universo cheio de signos, lembro do livro de poesias de Charles Baudelaire “Flores do Mal”:
A natureza é um templo em que vivas pilastras
deixam sair às vezes obscuras palavras;
o homem a percorre através de florestas de símbolos
que o observam com olhares familiares.

Como longos ecos que de longe se confundem
numa tenebrosa e profunda unidade,
vasta como a noite e como a claridade,
os perfumes, as cores e os sons se correspondem.
Há perfumes saudáveis como carnes de crianças,
doces como os oboés, verdes como as campinas,
e outros, corrompidos, ricos e triunfantes, 
tendo a efusão das coisas infinitas,
como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,
que cantam os êxtases do espírito e dos sentidos.

Esse poema maravilhosa descreve o nosso “SER” e a nossa “REALIDADE”, temos a sensação de caminhar numa floresta do mal, cheio de signos e metamorfoses. Vivemos em tempos sombrios, esta figura do homem com características de homens das cavernas, abaixo da praça, retrata uma realidade que assim como está abandonada, parece perecer, desmoronar sobre os nossos pés. A política tem nos massacrado de tal forma, que ficamos na escuridão de nossas cavernas. A luz, seria a revolução? O conhecimento? Tudo parece retroceder no tempo. Ficamos alheio a muita coisa, nos sentindo vigiados por urubus, rodeados de lixo, sendo vítimas do medo, enfim, assim como esse homem que vive nesse submundo, nós também sofremos com essa modernidade cada vez mais medieval, nos recolhendo em nossas cavernas.





sexta-feira, 2 de setembro de 2016


Ilustração e texto: Jousefe de Oliveira
 

A cidade do medo

Vivemos em tempos difíceis, esta cidade antes considerada pacata, hoje se tornar-se-ia em ilha do medo. Tive uma breve conversa com a acadêmica Daniela Reis, ela me descreveu uma fobia adquirida aqui nesta cidade. O medo de ser assaltada, do medo das sombras, das ruas escuras, da casa em ser invadida, enfim, do medo que a atormenta e tira seu sono. Vendo a situação dela me pus a pensar o quão é atormentador é a nossa realidade, cada um se protege como pode, cada um se arma, cada um equipa sua casa com cercas elétricas, estacas, cachorros, o que tiver para se proteger do próprio homem, esse animal que atormenta e nos persegui. O medo se tornou um vizinho indesejável, suas sombras nos seguem até em sonhos. Foi-se o tempo onde casinhas de madeira compartilhavam quintais, onde nossos lares seriam o nosso cantinho da paz. A chuva, esta que traz alívio aos calores amazônicos, trazem também o medo de ter a casa roubada. O barulho da chuva com seus trovões e relâmpagos trazem consigo os más intencionados, e para os comerciantes o temor de suas lojas serem roubadas e terem seus nomes saindo no jornal da manhã como mais uma vítima de roubo. Chuva a noite, falta de luz, se transformara em um clima propício para os monstros da nossa contemporaneidade. Tanto na luz, como na falta dela, altas horas da noite ou em plenas primeiras horas da manhã de sol, não há horário seguro na ilha do medo. Ficamos assim mal acostumados com este tormento, ainda assim tentamos seguir a nossas vidas, perseguidos por motoqueiros que podem a qualquer momento levar nossos celulares, bolsas, dinheiro e tudo o que lhe convém. São tempos de medo, e esta palavra tão pequena faz estragos grandes na vida dos parintinenses, e o que resta pra nós? Como aquela música: “E agora José?” Fujamos, nos protejamos de toda a maneira possível, e torcer pra não sermos a próxima vítima.