Ilustração e texto: Jousefe de Oliveira
A cidade do medo
Vivemos em tempos
difíceis, esta cidade antes considerada pacata, hoje se tornar-se-ia
em ilha do medo. Tive uma breve conversa com a acadêmica Daniela
Reis, ela me descreveu uma fobia adquirida aqui nesta cidade. O medo
de ser assaltada, do medo das sombras, das ruas escuras, da casa em
ser invadida, enfim, do medo que a atormenta e tira seu sono. Vendo a
situação dela me pus a pensar o quão é atormentador é a nossa
realidade, cada um se protege como pode, cada um se arma, cada um
equipa sua casa com cercas elétricas, estacas, cachorros, o que
tiver para se proteger do próprio homem, esse animal que atormenta e
nos persegui. O medo se tornou um vizinho indesejável, suas sombras
nos seguem até em sonhos. Foi-se o tempo onde casinhas de madeira
compartilhavam quintais, onde nossos lares seriam o nosso cantinho da
paz. A chuva, esta que traz alívio aos calores amazônicos, trazem
também o medo de ter a casa roubada. O barulho da chuva com seus
trovões e relâmpagos trazem consigo os más intencionados, e para
os comerciantes o temor de suas lojas serem roubadas e terem seus
nomes saindo no jornal da manhã como mais uma vítima de roubo.
Chuva a noite, falta de luz, se transformara em um clima propício
para os monstros da nossa contemporaneidade. Tanto na luz, como na
falta dela, altas horas da noite ou em plenas primeiras horas da
manhã de sol, não há horário seguro na ilha do medo. Ficamos
assim mal acostumados com este tormento, ainda assim tentamos seguir
a nossas vidas, perseguidos por motoqueiros que podem a qualquer
momento levar nossos celulares, bolsas, dinheiro e tudo o que lhe
convém. São tempos de medo, e esta palavra tão pequena faz
estragos grandes na vida dos parintinenses, e o que resta pra nós?
Como aquela música: “E agora José?” Fujamos, nos protejamos de
toda a maneira possível, e torcer pra não sermos a próxima vítima.
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