SuBI-mundo
Texto: Jousefe de Oliveira
Fotografias: Ramon Correia
Fotografias: Ramon Correia
Em conversas com o
acadêmico Ramon Correia do curso de jornalismo, ele me mostrou umas
fotografias da cidade de Parintins. Esta ilha tão caracterizada com
muitos signos e elementos presentes em ruas, becos, vielas e praças,
sempre me chamou a atenção, o qual é o objetivo desde blog, de dar
maior visibilidade ao município em seus aspectos culturais, sociais
e dessas paisagens urbanas tão viva o qual sempre me impressiona. As
fotografias do Ramon percorre sobre a praça digital, um tema
bastante comum para nós, cujos problemas são conhecidos pela
maioria da população. O fato é que dentre as imagens entre urubus,
lixo, pichações e todo esse cenário de abandono, uma imagem me
instigou e me trouxe pensamentos filosóficos e poéticos é a
fotografia de um homem deitado abaixo da praça digital, com aquelas
descrições na parede, lembrou uma caverna, e nos apresenta como um
indivíduo num submundo, levado ao esquecimento, ao abandono. Sobre
esse universo cheio de signos, lembro do livro de poesias de Charles
Baudelaire “Flores do Mal”:
A natureza é um templo em que vivas pilastrasdeixam sair às vezes obscuras palavras;
o homem a percorre através de florestas de símbolos
que o observam com olhares familiares.
Como longos ecos que de longe se confundem
numa tenebrosa e profunda unidade,
vasta como a noite e como a claridade,
os perfumes, as cores e os sons se correspondem.
numa tenebrosa e profunda unidade,
vasta como a noite e como a claridade,
os perfumes, as cores e os sons se correspondem.
Há perfumes saudáveis como carnes de
crianças,
doces como os oboés, verdes como as campinas,
e outros, corrompidos, ricos e triunfantes,
doces como os oboés, verdes como as campinas,
e outros, corrompidos, ricos e triunfantes,
tendo a efusão das coisas infinitas,
como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,
que cantam os êxtases do espírito e dos sentidos.
como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,
que cantam os êxtases do espírito e dos sentidos.
Esse
poema maravilhosa descreve o nosso “SER” e a nossa “REALIDADE”,
temos a sensação de caminhar numa floresta do mal, cheio de signos e metamorfoses. Vivemos em tempos sombrios, esta figura do homem com
características de homens das cavernas, abaixo da praça, retrata
uma realidade que assim como está abandonada, parece perecer,
desmoronar sobre os nossos pés. A política tem nos massacrado de
tal forma, que ficamos na escuridão de nossas cavernas. A luz, seria
a revolução? O conhecimento? Tudo parece retroceder no tempo.
Ficamos alheio a muita coisa, nos sentindo vigiados por urubus,
rodeados de lixo, sendo vítimas do medo, enfim, assim como esse
homem que vive nesse submundo, nós também sofremos com essa
modernidade cada vez mais medieval, nos recolhendo em nossas
cavernas.