Charge: Jousefe de Oliveira
Texto: Alberth Piedade e Letícia Lima
Proscênio
Esquecido
O
discurso do festival folclórico se caracteriza em uma expansão
mercadológica da cultura. O que se tem visto nos últimos anos é
uma inversão do contexto da história indígena tanto no meio
social, cultural, estético quanto místico voltada para uma analogia
de fortalecimento da indústria cultural com o fim de se tornar
somente um produto de venda.
Em
Parintins o festival folclórico vem se tornando cada vez mais
destacado no cenário público e comercial, em detrimento as mudanças
em torno da festa que antigamente se restringia apenas a pequenos
grupos que brincavam pelas ruas da cidade, nota-se que o festival nos
dias atuais ganhou impulso e seriedade, porém, toda essa
transformação tem um preço e um objetivo a alcançar e aquele lado
bonito e estereotipado apresentado na arena da cultura possui um lado
obscuro e malicioso nos bastidores, que se resume em um aglomerado de
mentiras, modificando o discurso cultural, social e de preservação
se faz presente na estética.
Podemos
observar toda essa ilusão se tornando ´real` diante o espetáculo
na arena, através das alegorias indumentárias, itens e
apresentações cênicas que mostram a cultura do povo indígena,
dividida em parte verídica e ao mesmo tempo distorcidas das
vivências do índio.
A
ideia ideal de índio que é valorizada em quanto ser místico,
guardião da floresta e ser social de importância fundamental para a
miscigenação do Brasil. O índio é retratado no festejo como
guerreiro, forte, curandeiro e em contraponto, vemos que não é bem
isso que acontece em Parintins, este é descriminado, desvalorizado e
não recebem nenhum auxilio do governo que possa lhes dar
assistência. A casa do índio está jogada as traças e essa
valorização só acontece bumbódromo a dentro, pois, fora da arena
nem os próprios conterrâneos aproveitam a sua própria festividade,
dando prioridade as pessoas de outras localidades.
Enquanto
o cenário cultural se apresenta em meio as noites glamorosas, vemos
a cultura de certo modo ser jogada fora por artistas e empresários
que visam lucro e que não estão disposto em falar da cultura em sim
e sua essência, a cultura é vista como um produto a ser vendido num
espetáculo que somente os que possuem um melhor poder aquisitivo são
privilegiadas.
O
parágrafo acima se reafirma com a teoria de Walter Benjamin e Adorno
Horkeimer, os autores analisam as alterações provocadas pelas novas
técnicas de produção artística na espera cultural, sua tese
principal é a reprodutibilidade técnica de provocar a superação
da aura pela obra de arte constata essa tese como reflexão sobre a
indústria cultural apresenta as contribuições que podem ser
retiradas dessa analise para a atual reflexão a respeito dos
impactos das tecnologias digitais, produção e cultura
contemporânea.
O
festival com toda a sua importância e credibilidade deveria mostrar
um lado crítico sobre todos os problemas envolvendo a cidade de
Parintins e o descaso social, cultural que ela sofre, podemos citar
alguns exemplos como – a falta de infraestrutura e organização
nos galpões, onde vários trabalhadores se submetem as jornadas
intensas de trabalho e muita das vezes com o risco de sofrer
acidentes e se veem a margem da sociedade contanto descaso, corrupção
e falta de pagamento na qual todo trabalhador é digno do seu
trabalho.
A
manifestação folclórica se configura como uma serie de rituais,
falar de cultura popular emana um conceito de um povo, para
entendermos sobre analise crirtica do contra discurso apresentado
dentro do festival, temos que abordar um tema recorrente ( A
preservação) que por muitas vezes é cantada, encenada e valorizada
´´De
um eterno destino
Proteger
flora e fauna
Da
destruição
É
despertar o espirito
Da
preservação´´. Boi garantido – O espirito da preservação
vale
ressaltar que a festa dos bumbás levanta a questão da
conscientização e de preservação da Amazônia, mas o que vemos é
totalmente contrário a realidade. ´´Parintins dos nossos sonhos´´
não é como imaginamos, ao termino do festival as ruas se encontram
cheias de alegorias, entrando em decomposição e os matérias
usados, o lixo nas ruas se torna insuportável. As alegorias ficam
por meses a céu aberto esperando o poder publico tomar alguma
atitude, todo aquele material que foi usado para dar vida a uma festa
com enfoque mundial, fica jogado sem reutilização o que causa mais
degradação do meio ambiente.
O
festival prega uma preservação velada que fala de amazônia em
geral, porém, não dá importância aos problemas da cidade que se
encontra em uma situação precária.