quinta-feira, 25 de agosto de 2016

 
Charge: Jousefe de Oliveira
Texto: Alberth Piedade e Letícia Lima

Proscênio Esquecido


O discurso do festival folclórico se caracteriza em uma expansão mercadológica da cultura. O que se tem visto nos últimos anos é uma inversão do contexto da história indígena tanto no meio social, cultural, estético quanto místico voltada para uma analogia de fortalecimento da indústria cultural com o fim de se tornar somente um produto de venda.
Em Parintins o festival folclórico vem se tornando cada vez mais destacado no cenário público e comercial, em detrimento as mudanças em torno da festa que antigamente se restringia apenas a pequenos grupos que brincavam pelas ruas da cidade, nota-se que o festival nos dias atuais ganhou impulso e seriedade, porém, toda essa transformação tem um preço e um objetivo a alcançar e aquele lado bonito e estereotipado apresentado na arena da cultura possui um lado obscuro e malicioso nos bastidores, que se resume em um aglomerado de mentiras, modificando o discurso cultural, social e de preservação se faz presente na estética.
Podemos observar toda essa ilusão se tornando ´real` diante o espetáculo na arena, através das alegorias indumentárias, itens e apresentações cênicas que mostram a cultura do povo indígena, dividida em parte verídica e ao mesmo tempo distorcidas das vivências do índio.
A ideia ideal de índio que é valorizada em quanto ser místico, guardião da floresta e ser social de importância fundamental para a miscigenação do Brasil. O índio é retratado no festejo como guerreiro, forte, curandeiro e em contraponto, vemos que não é bem isso que acontece em Parintins, este é descriminado, desvalorizado e não recebem nenhum auxilio do governo que possa lhes dar assistência. A casa do índio está jogada as traças e essa valorização só acontece bumbódromo a dentro, pois, fora da arena nem os próprios conterrâneos aproveitam a sua própria festividade, dando prioridade as pessoas de outras localidades.
Enquanto o cenário cultural se apresenta em meio as noites glamorosas, vemos a cultura de certo modo ser jogada fora por artistas e empresários que visam lucro e que não estão disposto em falar da cultura em sim e sua essência, a cultura é vista como um produto a ser vendido num espetáculo que somente os que possuem um melhor poder aquisitivo são privilegiadas.
O parágrafo acima se reafirma com a teoria de Walter Benjamin e Adorno Horkeimer, os autores analisam as alterações provocadas pelas novas técnicas de produção artística na espera cultural, sua tese principal é a reprodutibilidade técnica de provocar a superação da aura pela obra de arte constata essa tese como reflexão sobre a indústria cultural apresenta as contribuições que podem ser retiradas dessa analise para a atual reflexão a respeito dos impactos das tecnologias digitais, produção e cultura contemporânea.
O festival com toda a sua importância e credibilidade deveria mostrar um lado crítico sobre todos os problemas envolvendo a cidade de Parintins e o descaso social, cultural que ela sofre, podemos citar alguns exemplos como – a falta de infraestrutura e organização nos galpões, onde vários trabalhadores se submetem as jornadas intensas de trabalho e muita das vezes com o risco de sofrer acidentes e se veem a margem da sociedade contanto descaso, corrupção e falta de pagamento na qual todo trabalhador é digno do seu trabalho.
A manifestação folclórica se configura como uma serie de rituais, falar de cultura popular emana um conceito de um povo, para entendermos sobre analise crirtica do contra discurso apresentado dentro do festival, temos que abordar um tema recorrente ( A preservação) que por muitas vezes é cantada, encenada e valorizada
´´De um eterno destino
Proteger flora e fauna
Da destruição


É despertar o espirito
Da preservação´´. Boi garantido – O espirito da preservação
vale ressaltar que a festa dos bumbás levanta a questão da conscientização e de preservação da Amazônia, mas o que vemos é totalmente contrário a realidade. ´´Parintins dos nossos sonhos´´ não é como imaginamos, ao termino do festival as ruas se encontram cheias de alegorias, entrando em decomposição e os matérias usados, o lixo nas ruas se torna insuportável. As alegorias ficam por meses a céu aberto esperando o poder publico tomar alguma atitude, todo aquele material que foi usado para dar vida a uma festa com enfoque mundial, fica jogado sem reutilização o que causa mais degradação do meio ambiente.
O festival prega uma preservação velada que fala de amazônia em geral, porém, não dá importância aos problemas da cidade que se encontra em uma situação precária.

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